segunda-feira, 12 de julho de 2010

Ê, D. Maria...




Todos nós já ouvimos que “Mulher no volante, perigo constante”... Confesso que eu tenho minhas dificuldades, que meu amado namorado não se cansa de enumerar todas as vezes que eu estou dirigindo... o que me faz praticar cada dia menos...

Várias vezes que alguém faz algo indevido no transito, percebo que é uma mulher, e não é raro ouvirmos a frase: “Ê, dona Maria.... volta pro fogão, lá que é seu lugar!”....

É conhecido por todos que o espaço público é o do homem e o espaço privado, da mulher. Conheço várias mulheres que dirigem super bem, e percebi que todas elas contam sobre uma infância semelhante: “Sempre tive mais amigos homens, ou sempre brincava com meus irmãos (todos homens)... as pessoas achavam que eu era um menininho, me chamavam de homenzinho...” E todas já ouviram que “dirigem igual a um homem”...

As meninas não podem sujar o vestido, e tem que ficar com a perna fechada. Não podem correr, porque elas vão sujar e estragar o penteado, e ficar feias, com o pé sujo ou o sapatinho tão lindo... estragado. Os meninos devem correr, pular o muro, subir em árvores, já saem de casa com uma roupa que lhes dá liberdade para brincar, pular, correr...

Dessa forma, desde muito cedo os meninos desenvolvem sua percepção espacial, eles aprendem muito cedo o tempo que demorarão pra correr ate a parede, brincam de carrinho, e com isso, vão desenvolvendo as habilidades que usamos ao dirigir muito mais cedo do que nós, meninas... lindas, arrumadas e cheirosas que ficamos em casa brincando de Barbie, escolinha e casinha. (Não que eu seja contra essas brincadeiras, apenas não acho bacana que as meninas fiquem SÓ com essas brincadeiras.)

A questão das brincadeiras de gênero é muito discutida, alguns pais já conseguem sair um pouco do beabá há tanto tempo estipulado, mas isso ainda não é tão difundido e aceito. Tanto é que continuamos ouvindo frases como: “Isso não é brincadeira pra menina”, e o famoso “Ê, D. Maria...”



Quando fui procurar imagens pra esse post, escrevi no Google imagens: “mulheres no volante” e invariavelmente apareceram imagens de acidentes esdrúxulos, explicados pelo fato de os carros acidentados estarem sendo dirigidos por mulheres...

Dirigir hoje significa liberdade, se você dirige vai onde quiser, quando quiser, e quando alguém assume que não gosta de dirigir e que não vai dirigir, as cobranças e reclamações são enormes.

Mas, será mesmo que temos que cobrar de alguém que nunca teve que usar sua noção de espaço que saiba exatamente se o carro vai ou não passar entre os ônibus, será que temos que cobrar tanta perfeição se essa pessoa jamais usou os sentidos dessa forma??

Teoricamente não é difícil mudar essa realidade, basta que passemos a aceitar que meninas brinquem das brincadeiras “de menino”, e vice-versa.



Parte o coração quando vamos a uma festa infantil e tem uma menina linda, com um vestidinho igual ao de uma princesa, assentada ao lado do pula-pula com os olhos brilhando. E quando você pergunta pra ela porque ela não vai brincar, ela diz que não pode estragar o vestido da cinderela que ganhou...

5 comentários:

  1. desculpa de peidorrero é dor de barriga =P

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  2. Eu sou um homeeeeeeenzinho...!!!!!! e uma menininha tbm..!!

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  3. É um assunto muito polêmico o da "Mulher no volante", entretanto, cabe lembrar que não só as mulheres, mas os homens são problemáticos no voltante. A diferença é que, os acidentes cometidos por mulheres são ditos pelos homens e pelas meninas homenzinhos, como burrices estúpidas. Já os acidentes cometidos por homens são ditos como trágicos e completamente repletos de ignorância, e isso, é da opnião de todos!

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  4. Odeio dirigir, rsrs...

    E se eu tivesse um casal de filhos, gostaria que ambos brincassem exatamente das mesmas brincadeiras!
    Mas será que a Barbie não é um símbolo da futilidade? Não recomendo pra meninas nem pra meninos, haha!

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  5. Esqueci de dizer uma coisa: boicote aos carros!
    Eles poluem muito o meio-ambiente, há muita exploração de mão-de-obra envolvida na fabricação de um carro e na extração de matéria-prima, são vendidos por corporações riquíssimas que contribuem para a desigualdade social e aumentam o número de mortes por acidente! Comprar um carro é contribuir com tudo isso!

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